terça-feira, 14 de julho de 2009

Arquitetura "verde"


"A sustentabilidade é um problema dos ricos?

É um problema dos maus arquitetos. Os maus arquitetos se organizam sempre com temas secundários. Dizem coisas do tipo: a arquitetura é sociologia, é linguagem, semântica, semiótica. Inventam a arquitetura inteligente - como se o Partenon fosse estúpido- e agora, a última invenção é a arquitetura sustentável. Tudo isso são complexos de má arquitetura. A arquitetura não tem que ser sustentável. A arquitetura, para ser boa, está implícito ser sustentável. Nunca pode haver uma boa arquitetura estúpida. Um edifício em cujo interior as pessoas morrem de calor, por mais elegante que seja, será um fracasso. A preocupação pela sustentabilidade revela mediocridade. Não se pode aplaudir um edifício porque seja sustentável. Seria como aplaudi-lo porque se aguenta."


Considerações de Eduardo Souto Moura, em entrevista ao El País.
posted by Alencastro at 3:52 PM

------

Faz 2 anos que eu não atualizo meu Blog! Como diria Boris, meu amigo, "isso é uma vergonha!!!" rsrs

O fato é que ele começou com uma mátéria na faculdade e desde que eu a terminei, nunca mais encontrei tempo e ânimo no meio dos meus afazeres para tal. Lamentável, eu sei... Entretanto, o que me faz retornar à "ativa" (entre aspas porque não sei por quanto tempo essa "ativa" vai continuar...) hoje, a cerca de 2 semanas para entregar minha monografia (no maior pico de trabalho da minha vida!), foi essa consideração que eu recebi por email nesta tarde.

Não vou me estender muito sobre o assunto, porque o autor já disse tudo. O que tenho a complementar é que, PRODUZIR ARQUITETURA DE QUALIDADE NÃO É FÁCIL! Principalmente porque não é comercial! Não vende... talvez por isso existam poucos arquitetos hoje realmente compromissados em produzir com conforto e sustentabilidade e isso é outra lástima.

É bem verdade que "sustentabilidade" está na moda e, se tivesse twitter só de arquitetos, com certeza a palavra seria um Trending topic! Daí teriam muitos se apropiando desse "tag" como marketing, mas até quando essa moda vai durar? Quem garante que os "fashionistas" de plantão sabem realmente utilizá-la? Estou me matando para fazer um projeto que seja eficiente energeticamente, confortável termico-acústico e "luminosamente", acessível e ecológicamente correto, mas já te garanto de antemão que por melhor que ele seja, por mais que eu me esforce, existirão falhas e nunca será 100% correto (claro!). Mas mesmo assim creio que o caminho seja esse... BUSCAR! Alguns dizem que eu quero demais, que meu programa é extenso demais. Ora, se EU, como arquiteta, não for me preocupar com isso, quem mais vai?

Na verdade, o que mais me intriga é que o lado "verde" do meu trabalho é tido como um diferencial, enquanto que, pra mim, ele "só" se propõe a ser um exemplo.

Enfim, que seja! E sigam-me os bons! ;)

quinta-feira, 12 de julho de 2007

NOMES DA NOSSA ARQUITETURA

BRASÍLIA ...




E SEU IDEALIZADOR....

LUCIO COSTA!


Filho de pais nascidos em Salvador e Manaus, e residentes no Rio de Janeiro, Lucio Costa nasceu em 27 de fevereiro de 1902, em Toulon, na França, em razão das longas estadas do pai na Europa, a serviço do governo brasileiro.

A sua família se mudou definitivamente para o Brasil em 1916, num navio às escuras para escapar dos submarinos alemães em plena Primeira Guerra Mundial. Contava ele com 14 anos.

Em 1923 diplomou-se em arquitetura pela Escola Nacional de Belas Artes.

Foi numa visita informal a uma residência em reforma, para onde se dirigira a fim de verificar sem compromisso o andamento da obra, que se deparou pela primeira vez com Julieta, apelidada de Leleta.

Conforme relataria mais tarde, ela estava atirada ao chão, ocupada em afazeres domésticos, “com uma florzinha de manacá nos cabelos”.


Os caminhos do jovem arquiteto e da moça que emanava beleza e elegância se encontravam e passariam, em breve, a se tornar um.

Em 1929, Lucio Costa e Julieta Guimarães se casam numa cerimônia simples. Passam a morar, por alguns anos, na casa de verão do sogro, em Correias, simpática cidade perto de Petrópolis. Nascem as duas filhas do casal, Maria Elisa, filha mais velha, e Helena.

Em 1930, aos 28 anos de idade foi nomeado diretor da Escola Nacional de Belas Artes, além de montar, em parceria com outro arquiteto, o seu próprio escritório. Porém, às vezes, interrompia o percurso profissional e recolhia-se em si mesmo.

Num desses períodos, de 1932 a 1936, que ele chamou de chômage (em francês, desemprego), rejeitou todos os projetos que lhe pediam. Aproveitou o período para estudar a fundo a obra dos fundadores da arquitetura moderna. Foram anos de crise intelectual, porém fundamentais na sua formação.

“Muitos arquitetos se revelam num período de sucesso. Eu me formei no fracasso”, escreveria mais tarde.

“É justamente quando a perplexidade atinge seu clímax que novas perspectivas se abrem de repente em meio à configuração intrincada e ilógica dos acontecimentos, e tudo parece, de novo, fácil e claro.”

Em 1937 assumiu a direção da Divisão de Estudos de Tombamentos do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan). Com sua entrada no Sphan acabou por abandonar o escritório profissional. Sua mesa era ao lado do poeta Carlos Drummond de Andrade.

Dentre seus principais trabalhos neste período configuram o projeto do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro, - conhecido hoje como Palácio da Cultura -, inaugurado em 1945, e a participação na comissão encarregada de analisar os projetos para a sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em Paris, nos anos de 1952 e 1953.

Num fim-de-semana, no ano de 1954, a família arrumou as malas e tomou a direção do distrito de Correias, na serra fluminense, onde costumava descansar. Uma tarde de mormaço, que logo virou chuva de final de verão. De repente, o carro deslizou e foi de encontro a uma árvore. Julieta, mulher de Lucio, foi apunhalada pela alavanca de mudança, que era presa ao volante do automóvel. Teve morte instantânea. Ele se culpou o resto da vida, acreditando ter cochilado alguns segundos na direção, embora haja indícios de que os pneus tenham perdido a aderência à pista molhada. As filhas tentaram em vão convencê-lo de que havia sido uma fatalidade. "Foi um cochilo meu, idiota. Que maldade do destino!", lamentava-se.

Muitos anos depois do ocorrido, o poeta Thiago de Mello testemunhou a dor do amigo. Ele havia ido visitar o arquiteto, em seu apartamento, no Leblon. Conversavam, Thiago andava pela sala até que parou e ficou contemplando o retrato na parede. Comentou: ‘‘Como era linda, Lucio, a sua mulher!’’. Ele sorriu suavemente, se calou e, em seguida, calmamente, passou a contar ao amigo as circunstâncias do acidente. Chorava. Guardou, por 44 anos, a dor de ver sua amada morrer num acidente com o carro que ele dirigia.

Em 1957, atendendo a um sonho do então presidente Juscelino Kubitschek, um concurso para propostas de projeto para a construção da futura capital, Brasília, é realizado. A idéia de planejar uma nova cidade atrai Lucio Costa.

Trancado em si mesmo, precisou de pouco mais de três meses para criar um novo mundo.

11 de março de 1957, a filha do arquiteto desceu às pressas de um velho Citröen, enquanto o pai a esperava no carro, rente à calçada do prédio do então Ministério da Educação e Saúde Pública, no centro do Rio. Faltavam dez minutos para o encerramento do prazo de entrega dos projetos do concurso do Plano Piloto.

A moça subiu ao saguão do Ministério, entregou o projeto, apanhou o recibo e foi embora.

O júri era formado por seis membros, - renomados arquitetos, urbanistas e críticos de arte.

O que viram foi, de início, constrangedor. Lucio Costa já era, à época, um dos grandes nomes da arquitetura brasileira. Mas os rabiscos toscos feitos a lápis de cor, pequenos desenhos a nanquim e um texto batido a máquina pareciam brincadeira de criança diante de maquetes, croquis, quadros de alumínio - recursos sofisticados que compunham os projetos já entregues.

Uma semana depois, no dia 16 de março de 1957, o júri consagrou, dentre os vinte e cinco, o mais mal-apresentado dos projetos, um trabalho de feição amadora, sem um único cálculo.

Sem equipe e com poucos desenhos, mas munido de um belíssimo memorial descritivo, o projeto de Lucio Costa foi considerado pelo júri o único adequado a uma capital. A proposta aliava monumentalidade e clareza. Na era do automóvel, suprimiu, com o uso de trevos, os cruzamentos nas vias.O poeta Carlos Drummond de Andrade ao ver os traços comentou “era rabisco e pulsava”.

Na introdução do memorial descritivo, escreveu Lucio Costa:

Desejo inicialmente desculpar-me perante a Comissão Julgadora do Concurso pela apresentação sumária do partido aqui sugerido para a nova Capital, e também justificar-me.
Não pretendia competir e, na verdade, não concorro, - apenas me desvencilho de uma solução possível, que não foi procurada mas surgiu, por assim dizer, já pronta.
...E se processo assim candidamente é porque me amparo num raciocínio igualmente simplório: se a sugestão é válida, estes dados, conquanto sumários na sua aparência, já serão suficientes, pois revelarão que, apesar da espontaneidade original, ela foi, depois, intensamente pensada e resolvida; se não o é, a exclusão se fará mais facilmente, e não terei perdido o meu tempo nem tomado o tempo de ninguém.
É assim eficiente, acolhedora e íntima. É ao mesmo tempo derramada e concisa, bucólica e urbana, lírica e funcional. O tráfego de automóveis se processa sem cruzamentos, e se restitui o chão, na justa medida, ao pedestre.

Introdução do memorial descritivo
apresentado por Lucio Costa

O criador de Brasília não gostava de acompanhar obra, - cultivando até certo desinteresse pelo dia-a-dia bruto de uma construção. Nos três anos, seis meses e 18 dias que durou a construção, Lucio Costa veio poucas vezes a Brasília.

Para aquele que perde um ente querido de modo inesperado, antes da hora, as celebrações perdem a cor, e transformam-se em ocasiões em que a lembrança da pessoa amada se faz mais intensa. Por causa desta lembrança, Lucio Costa não veio à inauguração de Brasília.

Na quinta-feira, 21 de abril de 1960, dia de festa na novíssima capital, acordou especialmente triste, com saudades da mulher que havia morrido seis anos antes. Era uma dor intermitente, talvez ininterrupta.

Nos anos seguintes, elaboraria diversos outros projetos.

Lucio Costa dedicou a sua vida à busca de uma identidade brasileira.

O único patrimônio que acumulou para si era o modesto apartamento onde morava num prédio de cinco andares, à beira da Praia do Leblon, em meio a pilhas de jornais, fotos, cartas, textos e desenhos. Viva com uma aposentadoria de R$ 1.400,00 por mês.

Numa das suas últimas entrevistas, em 1997, aos 95 anos de idade, diante da pergunta “Quais são seus planos para o futuro?”, respondeu:

“Morrer, simplesmente. Sonho com uma sepultura no cemitério São João Batista, que já existe. Comprei duas sepulturas no São João Batista, para minha mãe e meu pai. Pretendo ficar lá.”

Foi nesta época que escreveu a seguinte recomendação num bilhete:

“Não me internem. Lugar de morrer é em casa.”

Foi contemplado com a benção de atingir a idade avançada completamente lúcido, embora sofresse com o glaucoma, que não lhe permitia mais olhar a paisagem que tanto apreciava.

Em 13 de junho de 1998, por volta das 09:00 horas da manhã, faleceu, aos 96 anos, em sua residência no Leblon, na cidade do Rio de Janeiro.

“Foi enfraquecendo até que, certa manhã, sentou-se para tomar café. Bebeu três colheres e se apagou, de mansinho", lembra a filha Maria Elisa.

Helena, a filha mais nova, relata a seguinte recordação dos últimos momentos ao lado de seu pai:

“Há muitos anos atrás você contava que o Aleijadinho, já muito doente, pedia que o Senhor lhe pisasse os seus divinos pés. Quando você já estava na última etapa da sua vida, aquela fase tão sacrificada, entrei no seu quarto e fui acolhida com uma expressão tão carinhosa, que se tornou inesquecível para mim”.

Autor da única obra contemporânea que é Patrimônio Cultural da Humanidade, incluída no que a Unesco define como herança do Planeta.

Membro honorário da Académie d'Architcture, do Royal Institute of British Architects, e do American Institute of Architets; agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Harvard; condecorado com a maior honraria do governo francês, a Legião de Honra, no grau de “Commandeur”.

Homem de longos silêncios, avesso ao espetáculo, inimigo do espalhafato, e, até por isso, personagem pouco conhecido da maioria dos brasileiros, mesmo daquela parcela instruída e atenta.

Teve um sepultamento singelo - amigos, familiares. Pouquíssimas autoridades compareceram.

Criou uma teoria que combina humanismo e tecnologia. Pintou, escreveu, desenhou, criou roteiro de filme, rabiscou caricaturas, projetou cidade, bairro, prédios, casas e móveis, colecionou soldadinhos de chumbo, fez amigos, filhas, netos, bisnetos. E amou Leleta.

Tinha modos inacreditavelmente desprovidos de vaidade.

Corria o ano de 1960, Lucio Costa viajava com as duas filhas pela Grécia, de carro, quando comoveu-se com um mochileiro que pedia carona. Ao saber que a generosa família era brasileira, o caroneiro - alemão, estudante de Medicina - desandou a falar, entusiasmado, sobre Brasília, a cidade modernista inaugurada havia pouco no distante Brasil. Depois que o rapaz desceu do carro, as filhas de Lucio comentaram, surpresas: “Mas papai, você nem ao menos disse que o plano da cidade foi seu!”

Anos antes, Carlos Drummond de Andrade escreveu uma crônica sobre o convívio de doze anos com o colega de repartição Lucio Costa - os dois trabalhavam no Iphan.

Falavam-se pouco, admiravam-se muito. Quando cruzavam no corredor, às vezes conversavam; quase sempre, não.

Lucio Costa mantinha-se calado e Drummond respeitava esse silêncio “como se respeita o silêncio das igrejas”.

O genial arquiteto jamais demonstrou nenhuma ânsia de sucesso, não alimentando “essas preocupações de figurar como evidência pessoal. Nunca tive essa ambição, de querer estar em evidência. Se tive alguma evidência, é apesar de mim e não por culpa minha”.

O seu maior legado foi uma vida repleta de amor, respeito, generosidade, carinho, e senso de humor.

Numa das suas últimas entrevistas pediram que ele se definisse. A sua resposta foi simplesmente: “um homem bom”.

Como se afirmasse que tudo mais, - títulos e troféus, condecorações e honrarias -, acaba passando...

"O meu amigo padecia de indignidade moral contra tudo que fere a beleza da dignidade humana. Era a pessoa mais delicada que já conheci. Era a delicadeza em toda a sua riqueza e profundidade. O respeito que tinha por si próprio e pelo seu trabalho lhe advinha do superior respeito pelo ser humano. Por toda e qualquer pessoa que conhecia."

Thiago de Mello
poeta amazonense

Lucio Costa pertenceu a uma geração de intelectuais que vislumbraram o Brasil como nação desenvolvida.

Encantados com suas potencialidades, e conscientes do imenso desfio, contribuíram, cada qual, juntando o melhor de suas habilidades, para um projeto de país.

Homem de seu tempo por excelência, Lucio Costa, com seu legado, provoca-nos lembrando a nossa capacidade de encontrar soluções ontem, hoje e sempre.

O legado deixado por Lucio Costa testemunha sua imensa, atuante e definitiva fé no Brasil:

“Um país precursor, acho que vai ser, dará o seu recado no tempo certo, porque não tem vocação para a mediocridade.”

"O mar de Brasília é o céu."
Lucio Costa


LEMBRANÇA
Texto de Julia sobre Lucio

"Fiquei muitos anos sem puxar pela memória a lembrança de meu bisavô. Sabem como é, a morte, mesmo na juventude, tem sempre um "quê" de esquecimento voluntário, doloroso, imprescindível. Meu avô morreu quando eu tinha ainda 10 anos. Fui lembrar-me dele – lembrança forte, de verdade, quase como aqueles sonhos que às vezes são mais palpáveis do que qualquer dia comum – ontem, oito anos depois, e no aniversário de sua morte. Lembrei muito mais das pequenas sensações, é claro. Dizem que o olfato é o sentido mais ligado à memória, mais até do que a visão, ao contrário do que poderíamos supor. Pois eu lembrei muito bem do cheiro do meu bisavô. Era cheiro de velho, não se enganem... se quiserem crer que ele cheirava a rosas, leiam outra coisa. Um cheiro ligeiramente azedo e que para mim era cheiro de uvas maduras demais. Aquelas uvas verdes, compridas, cheias de caroços, que ele adorava. Lembro-me da felicidade em que ficou quando nasceram as uvas sem caroços – sabe-se lá de onde vêm as gerações posteriores de uvas. Lembro-me da sua voz frágil, reinfantilizada, pedindo que eu lesse o jornal para ele. Lembro do meu orgulho inflado quando ele elogiava a minha leitura (quase sempre, por carinho), que segundo ele, era avançada para a minha idade. Lembro-me distintamente de ouví-lo com freqüência regozijar-se por coisas que para nós eram tão banais, tão cotidianas e alcançáveis. Não me lembro de tê-lo ouvido se queixar, uma vez sequer, na nossa frente. Lembro-me de seus modos impecáveis, a postura, a delicadeza, o cavalheirismo: nunca em nossos dez anos de convivência encostou em seu prato antes que vovó se sentasse à mesa, ainda que preferisse a comida pelando, sensibilizando a boca e o paladar.

Lembro-me sobretudo, e com um carinho incomensurável, de suas mãos macias, totalmente enrugadas, de seus dedos cujas falanges eram como minúsculas almofadas delicadas, sempre muito delicadas, leves e infantis.

Pergunto-me como posso lembrar-me tão forte e tão bom de meu bisavô, que muitos admiram até hoje pelo talento e pelo intelecto, e eu admiro ainda pelas dez pequenas almofadinhas amassadas nas pontas de suas mãos queridas e ausentes."


Fonte: www.casadeluciocosta.org - A organização ‘Casa de Lucio Costa’ cuida do acervo e da memória do arquiteto e urbanista.

terça-feira, 10 de julho de 2007

PROJETAR

O que é projeto? O que é projetar?

Projeto é por excelência a matéria e o meio de trabalho do arquiteto que, necessariamente, esta sempre lidando com o projeto: fazendo, investigando, julgando ou construindo... Nos dicionários, as palavras “projetar” e “construir” são as mais comuns em todos vocábulos relativos a arquitetura e os dicionários definem da palavra projeto como “plano geral de trabalho ou de um ato”, “intento de fazer alguma coisa”, “desígnio” (nesse sentido igual a palavra desenho) e “iniciativa”. Enfim, todas as conotações da palavra projeto o associam a um estado mental que leva a um movimento para frente, com uma origem e um fim planejado, uma representação do futuro que se tenciona produzir senão através de um processo formal de representação, então através de uma ação pensada.

Para Alfonso Corona Martinez, citado em Del Rio (1998, p. 203), design é “a invenção de um objeto por meio de outro que o precede no tempo”, e que este primeiro objeto é, justamente, o projeto. Ou seja, desenho e projeto se confundem, tanto como finalidade quanto como meio de expressão. Não por acaso, a etimologia das duas palavras as aproxima: ambas dependem da existência da intenção, de uma imagem mental e de representação. Portanto, a elaboração do projeto é dependente tanto da nossa criatividade – porque, como qualquer outra atividade humana, é a atividade cognitiva – quanto da nossa capacidade de síntese, de abstração, de criação e de representação.

Falando agora um pouco em criatividade, qual é o significado dessa palavra?

Novamente recorrendo ao dicionário, observa-se que criatividade é a qualidade do criativo (imaginativo); capacidade criadora; engenho; inventividade.

Todas essas palavras remetem a uma certa subjetividade muito questionada no âmbito da arquitetura relacionada ao “projetar”. Não é à toa que para alguns, a criatividade é entendida como um “fenômeno psicológico vago e misterioso, derivado de categorias como inspiração, talento ou intuição”.

Ora, se a elaboração do projeto é dependente da nossa criatividade, então o projeto que edifica coisas tão reais e concretas (às vezes literalmente, rs) também é subjetivo?

Daí eu volto na questão do projeto: se alguém projeta hoje, é porque um dia aprendeu a projetar, certo? Partindo do principio de que ninguém nasce sabendo, então, como se aprende a projetar, se projeto, pela definição de criatividade é algo subjetivo?

Acontece que hoje eu percebo (e Vicente Del Rio – 1998 – me confirma em seu textoProjeto de arquitetura: criatividade e método”, no qual eu me baseio para essa escrever postagem), que existe uma crise nas escolas de arquitetura, principalmente no que diz respeito ao ensino de projeto nos famosos PAs... estaria surgindo por conta de uma (...) influência danosa das exacerbações do paradigma modernista e do estilo internacional, e pelo dogma que arquitetura se aprende fazendo e só depende de criatividade e inspiração, o que gera, com isso, o mito da criatividade que possuiria um papel preponderante no ensino, por conta da “inexistencia de uma disciplina projetual cientificamente estruturada” fazendo com que a criatividade fosse entendida da forma como defini anteriormente.

Contrário a noção de que ser criativo quer dizer possuir inspiração inata, Comas, através de Del Ri, observou que, mesmo aceitando-se a intuição como relevante na concepção de um partido, “é muito improvável que ela brote de um vazio subitamente iluminado”. Esta também é a compreensão de Mahfuz (1995), para quem “a atividade de criação exercida por arquitetos e designers não parte de uma tábula rasa, nem da consideração exclusiva de aspectos estruturais e programáticos e pode ser definida como a atividade que se baseia em grande parte na interpretação e adaptação de precedentes”. Ou seja, ser criativo não quer dizer reinventar a roda ou inspirar-se no vácuo, num momento que depois de horas sem dormir, regado a muito cafezinho, baixa a inspiração pra “o partido” ou a “solução”, como num passe de mágica. Um mito tolo que alguns colegas cismam em incentivar, escondidos atrás da aura de suas genialidades criativas.

Del Rio acrescenta que “(...)falta orientação conceitual e metodológica para desenvolvimento de projeto e indica a necessidade do ensino de projeto reconhecer o papel didático das metodologias projetuais claras e explicitas, como uma forma de incentivo à criatividade , ao mesmo tempo que aproxima o projeto a uma atividade mais cientifica e controlável (...).

Não se tratava de negar a criatividade no processo de projeto, mas de admitir que ela possa ser desenvolvida, “educada” pelo conhecimento, pelo treinamento e pela capacidade de compreensão dos fenômenos onde está imersa a arquitetura.

O mais importante para o ensino de projeto é a promoção de metodologias que, sem impedir a manifestação da criatividade, possam estar sempre fundamentadas na compreensão do inter-relacionamento entre o homem e o seu ambiente, principalmente em níveis psicológico, comportamental, social e cultural, métodos projetuais mais conscientes, que busquem o equilíbrio do triangulo de Vitrúvio (Durabilidade - técnica e resistência - Beleza - arte e estética- e Convivência - responder às necessidades do usuário) e menos destrutivos das lógicas pré-existentes, participativos e em consonância com as expectativas do público usuário, certamente irão gerar um desenvolvimento extremamente positivo nas capacidades de resposta de nossas arquiteturas.

Pode-se assumir um processo de projeto mais “cieníifico”, passível de verificação e disciplinado por uma metodologia, onde a criatividade possui importante papel e pode se manifestar em vários momentos, nas diversas etapas, e sob varias formas diferentes.

Neste procedimento, que pode ser classificado como mais racional, a criatividade possui maiores chances de expressar-se do que no método intuitivo tradicional, pois é direcionada através de procedimentos lógicos em um “caminho” de projeto.

A presença da criatividade no processo de projeto

Del Rio, 1998, p. 209

Na verdade, pode-se ser criativo tanto na técnica e nas maneiras de conduzir um levantamento de campo, quanto na definição de um partido geral ou na resolução de um problema de insolação. Além disso, um método bem delineado também leva a uma melhor compreensão/controle do papel, das implicações e rebatimentos da criatividade e da subjetividade no projeto.

Desta forma observa-se que surgem duas novas palavras na definição do que é projeto, alem de criatividade. São elas: Partido e método

Uma das varias definições de arquitetura existentes, já comentadas numa postagem prévia, é a de Carlos Lemos (1980) que indica a arquitetura como toda e qualquer intervenção no meio ambiente criando novos espaços, quase sempre com determinada intenção plástica, para atender a necessidades imediatas ou a expectativas programadas, e caracterizada por aquilo que chamamos de partido. Partido, então, seria uma conseqüência formal derivada de uma serie de condicionantes ou de determinantes; seria o resultado físico da intervenção sugerida. Os principais determinantes ou condicionadores do partido seriam: a técnica construtiva, segundo os recursos locais, tanto humanos como materiais, que inclui aquela intenção plástica, às vezes, subordinada aos estilos arquitetônicos; o clima; as condições físicas e topográficas do sítio onde se intervem; o programa das necessidades, segundo os usos costumes populares ou conveniências do empreendedor; as condições financeiras do empreendedor dentro do quadro econômico da sociedade; a legislação regulamentadora e/ou as normas sociais e/ou as regras da funcionalidade; que são nada menos do que condicionantes de projeto.

Esses determinantes e condicionantes de partido necessariamente mantém relações entre si, julgando a questão da definição arquitetônica no tempo e no espaço, em que se observa as variadas condições culturais determinando arquiteturas diferentes, não havendo possibilidades de repetições ou de identidades absolutas. Queira-se ou não, cada povo, em cada região, terá sua própria arquitetura.

E uma forma de conceber essa arquitetura pelo processo de projeto além de usar o partido, a criatividade é por meio de metodologias explicitadas por Del Rio, muito conhecidas das disciplinas teóricas no curso de arquitetura.

Mahfuz (1995,) também citado por Del Rio (1998) afirma que “(...) a composição de um projeto consiste na criação de um todo através de suas partes”, assim, “na composição arquitetônica, o sentido de progressão é das partes para o todo, e não do todo para as partes”. As partes seriam juntadas como elementos de uma sintaxe, de acordo com regras definidas a priori, ou não, para formar o todo; os espaços podem ser as partes principais e os elementos construtivos e detalhes as secundárias, ou vice-versa.

Segundo este entendimento, existem quatro métodos de composição que tem em comum o emprego de analogias do processo de criação:

  • Método Inovativo: resolve-se arquitetura sem apelar a precedentes, ou de uma maneira diferente da usual; sinônimo de invenção; ligado à busca de novas aplicações de técnicas e materiais. Arquitetos que seguem essa doutrina: Frank L. Wright, Oscar Niemeyer, Norman Foster, Faye Jones e Antonie Predock.
  • Método Tipológico: entende por tipo a estrutura interior ou o principio gerador de uma forma; pressupõe a existência de constantes formais, organizacionais ou estruturais. Arquitetos que seguem essa doutrina: Aldo Rossi, Carlo Aymonino, Rob e Leo Krier, Charles Correa, Duany & Zyberg.
  • Método Mimético: os novos artefatos são gerados a partir da ilimitacao de modelos/objetos existentes, com as variações de revivalismo estilistoco, ecletismo estilístico e analogia estilística. Arquitetos que seguem essa doutrina: Alvar Aalto, Frank L. Wright, Bruce Geoff, Bart Prince, Robert Venturi e Charles Moore.
  • Método Normativo: as formas são criadas com auxilio de normas estéticas ou princípios reguladores como geometrias pré-determinadas e regras de combinação. Arquitetos que seguem esta doutrina: Le Corbusier, Walter Gropius, Mies Van der Rohe, Richard Méier e Peter Eisenman.

Voltando à questão inicial, “(...) o processo de projeto possui doses de criatividade que o aproximam de uma atividade artística, mas, como observou Roger ferris (1996), embora o ideal artístico tenha valor intrínseco para a profissão, ele sempre subverte as possibilidades ideológicas com base no conhecimento racional ou tecnológico. Ou seja, apesar da arquitetura possuir um corpo sistematizado de conhecimentos técnicos e científicos, ela também assume valores estéticos incomensuráveis”.

Concluindo, o mais importante para o ensino de projeto é a promoção de metodologias que, sem impedir a manifestação da criatividade, possa estar sempre fundamentadas na compreensão do inter-relacionamento entre o homem e o seu ambiente, principalmente em níveis psicológico, comportamental, social e cultural, métodos projetuais mais conscientes, que busquem o equilíbrio do triângulo de Vitrúvio e menos destrutivos das lógicas pré-existentes, participativos e em consonância com as expectativas do público usuário, certamente irão gerar um desenvolvimento extremamente positivo nas capacidades de resposta de nossas arquiteturas.

O arquiteto deve atuar inserido nas especificidades dos contextos e deve atender a sua responsabilidade social, fazendo com que o paradigma social se some ao artístico e ao tecnológico, de modo a voltar o processo de projeto às reais necessidades do usuário, ao seu comportamento, suas percepções e expectativas.

Afinal, como disse Joaquim Cardoso, "os muros das construções são o papel onde se inscreveram as páginas da história, onde ainda se inscrevem as mensagens para o futuro. E escrever estas mensagens, cabe ao arquiteto".


Postagem formulada sobre fragmentos do texto Projeto de Arquitetura - Criatividade e Método de Vicente Del Rio, no livro Arquitetura: Pesquisa e Projeto, Rio de Janeiro, 1998

quarta-feira, 4 de julho de 2007

ARQUITETURA AO LONGO DO TEMPO

Já por volta de quatrocentos anos antes de Cristo, Platão ligava a arquitetura a lógica das construções – a arquitetura não seria uma aparência das coisas, mas a coisa em sim própria. Dizia ele “a arquitetura e todas as artes manuais implicam numa ciência que tem, por assim dizer, sua origem na ação e produzem coisas que só existem por causa delas e não existiriam antes”. Essas coisas, ou melhor, essas construções (...) aliavam a tecnologia apropriada a uma indiscutível intenção plástica que ia ate os requintes das deformações corretoras das ilusões ópticas, definindo, assim, a criação artística. logo depois, Aristóteles corroborava este pensamento de seu mestre dizendo que a arte da arquitetura era o “resultado de certo gênero de produção esclarecida pela razão”...

Pelo que sabemos, os filósofos da Grécia não se dedicaram a fundo aos problemas estéticos contidos na analise da arquitetura e a idéia grega a este respeito veio ate nos nas entrelinhas dos textos de Vitrúvio, que é considerado o fundador da estética da arquitetura. Os seus “Dez livros de arquitetura” representam o pensamento da antiguidade sobre a arte de construir e é uma pena que essa obra tenha chegado incompleta e desacompanhada das instruções, indispensáveis à compreensão dos temas e teorias ali expostas. Muitas passagens não são nada claras, permitindo interpretações variadas de analistas contemporâneos.

O templo grego – Parthenon

Fonte: http://shs.westport.k12.ct.us/hisherstory/Parthenon.jpg

De inicio, Vitrúvio percebe na arquitetura três aspectos: a solidez, a utilidade e a beleza, dando assim, importância maior ao lado pratico ou técnico, deixando o artístico propriamente dito por ultimo. Quando, porem, se detém com mais vagar dissertar sobre os componentes de uma ampla definição da arquitetura, empresta maior atenção é às categorias ligadas a estética. Propõe o ilustre arquiteto e teórico seis “divisões” à sua visão do que seja arquitetura: 1) Ordenação (ordinatio), que se refere ao dimensionamento justo das partes que compõe o edifício, tendo em vista as necessidades do programa e de todo o conjunto, quando se trata, inclusive, da modulação e das unidades de medida; 2) Disposição (dispositio), que seria “o arranjo conveniente de todas as partes, de sorte que elas sejam colocadas segundo a qualidade de cada uma”e onde são considerados os critérios de composição, implicitando, inclusive, a representação gráfica do projeto; 3) Euritmia (eurytmia), que é a categoria disposta por Vitrúvio cuja compreensão é bastante dificultada pela carência de explicações maiores, sendo bastante confusas as interpretações dos tratadistas que escreveram sobre esse texto clássico. o conhecido estudioso das teorias da arquitetura Porissavlievitch, a quem recorremos nesse instante, julga que a euritmia não passa daquilo que modernamente chamamos de harmonia; 4) Simetria (Symmetria), que era ao lado da euritmia, um dos conceitos fundamentais da estética clássica, também é hoje nebulosamente compreendido, inclusive devido ao significado diferente que o termo possui em nosso linguajar corrente. Simetria seria o calculo das relações, que os gregos chamavam de “analogias”, entre as partes de uma construção, calculo esse estabelecido através de uma mediada comum, denominada “modolus” por Vitrúvio; 5) Conveniência (decor) é a categoria que trata justamente da disposição conveniente de cada uma das partes do edifício segundo as necessidades do programa, o destino das dependências, o caráter de seu ocupante, etc. Trata inclusive da unidade de estilo, da “unidade na variedade” onde reside o seu valor estético; 6) Distribuição (distributio), que trata do “principio em virtude do qual nada se deve empreender fora das possibilidades daquele que faz a obra e segundo a comodidade do lugar, controlando tudo com prudência”.

Pelo que vimos, Vitrúvio, nos seus seis princípios, dedicou-se à estética do projeto arquitetônico, não se referindo a ela somente na primeira e na sexta categorias. Os seus “Dez livros da arquitetura” onde trata exaustivamente da arte de construir, são, ate hoje, analisados pelos teóricos, sua obra foi considerada a “Bíblia” dos arquitetos, principalmente durante o Renascimento, quando constituiu uma espécie de ponte entre o passado clássico grego e o modernismo, apesar das imprecisões de seus copistas e tradutores, que, inclusive, deixaram de aparecer os desenhos elucidativos de toda sua argumentação estética. Aos leigos, depois dele, sobrou a impressão de que uma obra arquitetônica é sempre e unicamente uma obra onde interessa a beleza aparente , não interessando como foi feita.

Quase quinhentos anos depois de seus escritos, Santo Agostinho (354-430) ainda vivia na “unidade ma variedade” o segredo da arquitetura, dizendo que a “similitude, a igualdade e a conveniência das partes do edifício reduzem tudo a uma espécie de unidade que contenta a razão”.

A presença de Vitrúvio ainda é constatada nos escritos de Isidoro de Sevilha (c. 560-630), que já vê imprescindível na arquitetura a ornamentação. Ele distingue três partes na construção: o traçado da planta e respectiva disposição dos fundamentos, a elevação dos muros e a ornamentação, quando trata do revestimento dos tetos com placas douradas, nas paredes com pinturas e pisos com mosaicos. Insiste na decoração, com gesso ou estuque, realçada com cores, expressando formas e figuras diversas: é o que chama de elemento plástico na arquitetura.

Entrados os anos na Idade Média, vemos os pensadores sempre preocupados com a decoração magnificente, enquanto a produção arquitetônica ficava nas mãos e de profissionais extremamente ciocos de seus conhecimentos interdisciplinares, mantidos nos segredos das corporações, confundindo-se a figura do arquiteto com a do mestre do risco, com a do mestre-de-obras. Em 1258, Etienne Boileau dizia: “Aquele que quiser poderá ser um mestre-de-obras, mas não poderá ter mais que um aprendiz e não poderão mantê-lo por menos de seis anos de serviço a não ser que seja seu filho legítimo; quando o primeiro tiver trabalhando cinco anos, poderá tomar um segundo aprendiz. Eles poderão ter tantos ajudantes ou empregados quiserem, com a condição de não lhes ensinar seu oficio. Quando o tempo do aprendiz tiver terminado, o mestre de obras o levara diante do guarda do oficio e este fará o aprendiz jurar guardas usos e costumes do oficio”.

Tais homens, responsáveis pela arquitetura gótica, no entanto, possuíam suas justificativas para a rica ornamentação sempre criticada e tiveram em Suger, o Abade de Saint-Denis (c.1081-1151), o seu interprete, que disse: “Se reconstruirmos a Abadia de Saint-Denis e aumentarmos seu tesouro, se fizermos vir de todas as partes os melhores pintores e artistas e o fizermos trabalhar co talento (honeste), utilizando o ouro e as pedras mais preciosas, não foi por desejo de vangloria, nem pela esperança dos elogios humanos ou de uma recompensa dos elogios humanos ou de uma recompensa passageira. Foi por um ato de religião (devote) e por amor a beleza da casa de Deus. Essa beleza deve, por outro lado, dar aos fieis um gosto antecipado da beleza do céu”. O abade ainda fez gravar seus pensamentos estéticos, alias pensamentos de todos, sobre as portas de bronze da entrada da basílica. Os que entravam no templo liam: “Não admireis tanto o material caro e precioso destas portas, mas a beleza do trabalho que apresenta; a obra brilha cheia de nobreza. Mas, certamente, toda obra nobre por sua beleza ilumina as almas, a fim de que por seus verdadeiros esplendores ascendam à verdadeira luz da qual Cristo é a porta. Tudo aquilo que resplandece a que dentro pressagia a porta dourada: assim, através da beleza sensível, a alma agravada se eleva à verdadeira beleza e, da terra onde jazia submersa, ressuscita ao véu, vendo a luz gótica destes esplendores”. Sobre o vitral tem três prioridades básicas – suporte de imagens sacras, material de riqueza intrínseca, assemelhando-se às pedras preciosas, e um mistério, pois fulgura sem que haja fogo”.

Assim, a arquitetura gótica, desenvolvida para a gloria de Deus, foi uma verdadeira integração entre a ciência e as artes, por a estereotomia chegou à perfeição, simbolizando ela, com seus engenhosíssimos cortes de pedras, todo o conhecimento aplicado à estabilidade de gigantescas construções, que exigiam conhecimentos interdisciplinares, que iam desde a mecânica dos solos e grafoestática até conhecimentos empíricos, é verdade, mas corretos de resistência dos materiais. Cada corte na pedra tinha a sua razão de ser mera peça gratuita da ornamentação profusa. Ali tudo era verdade porque também a decoração era funcional, no sentido prático de propiciar a elevação das almas dos crentes perfeitamente condicionados à fé.

Domo de Colônia: uma das maiores catedrais góticas da Alemanha


Fonte: http://static.flickr.com/44/185414667_ec67df3f32.jpg

Dizem que o cristianismo da Idade Média provocou uma espécie de “trevas” através do misticismo religioso, quando houve uma longa hibernação da cultura clássica. Pode ser, mas foi nesse tempo que se desenvolveu uma arquitetura realmente ímpar e esse fato nos interessa muito porque encerra um processo de construtivo de criação artística totalmente baseado num sistema construtivo nunca mais aproveitado, mesmo quando houve o Renascimento.

O Renascimento, aparecido na Itália, pais que bem ou mal guardara os vestígios da cultura clássica, fez ressurgir a estética de Vitrúvio e todas as demais lições de seus “Dez livros de arquitetura”. Houve um despertar geral, envolvendo todos os ramos do conhecimento, inclusive a tecnologia da construção. Ressurgiu um novo fazer, diretamente derivado das alvenarias romanas tradicionais e contido pelas leis clássicas de composição. Vitrúvio voltou pelas palavras de Leon Battista Alberti (1404-1472), o teórico do Renascimento. As velhas regras de composição sempre às voltas com suas variedades de colunas, seus intercolúnios e relações entre diâmetros de tambores e altura dos vãos livres foram adaptadas a uma nova arquitetura, estruturada nos muros contínuos. Sim, uma arquitetura nova regida pelos antigos. Velhas determinações, orientando as relações entre cheios e vazios das novas construções e, na verdade, “ornamentando” também frontispícios onde a modinatura obedecia cegamente os cânones da boa composição. Obras imensas e arrojadas, em que os arquitetos ainda eram os responsáveis pelas soluções estruturais, prontas para receber a posteriori a ornamentação clássica, tanto interna como externamente, onde as cimalhas, molduras e pilastras não passavam de acessórios decorativos dos paramentos de pedra ou de tijolos.

O domo de Florença: exemplo da arquitetura renascentista


Fonte: http://www.cursoarte.hpg.ig.com.br/aulas/imagens/duomo.jpg

Depois do Renascimento, veio o Maneirismo, que foi sucedido pelo Barroco, que veio a dar lugar ao Neoclássico e, através dos teóricos e tratadistas, o linguajar, o vocabulário clássico, perdurou através de outras sintaxes, de outras maneiras de compor espaços.

O Neoclássico e a Revolução Industrial coincidiram no tempo e esta ultima, como sabemos, foi provocando sucessivamente alterações básicas no modo de vida, no modo de encarar os acontecimentos, sociais (não nos espaçamos também da outra Revolução, a francesa) e no modo de julgar a arte, agora ao alcance de um numero crescente de pessoas. O que era antes restrito aos intelectuais e ricos, era agora de domínio publico e popularizou-se a noção de estilo. É claro que para os profissionais eruditos os estilos arquitetônicos variados sempre estavam compromissados já com o próprio sistema estrutural, mas aos leigos o estilo era só a ornamentação. Todo o progresso advindo dessa época em diante naturalmente se refletiu nas construções, cuja modernização começou pelas pontes, principalmente na Inglaterra, e pelas construções vinculadas a novos programas jamais suspeitados pelos velhos arquitetos, como os programas referentes às estradas de ferro, por exemplo. De que “estilos” seriam as gares de embarque e desembarques de passageiros? Já de início houve a tentativa de se decorar, de se ornamentar os perfis pré-moldados das estruturas metálicas com o escopo de lhes dar a dignidade da arquitetura ortodoxa.

Igreja de Madeleine em Paris

Fonte: http://www.katarxis-publications.com/sitebuildercontent/sitebuilderpictures/madeleine.paris.400.jpg

A partir dessa época é que se definiu completamente a separação entre o arquiteto e o engenheiro, aqui já nos referimos linhas atrás, e desse tempo em diante, também, é curioso o desfile de definições de arquitetura, principalmente as de intelectuais que tiveram a possibilidade de ampla divulgação de suas idéias, incutindo nos leitores visões românticas, onde estão, amiúde, comparações com a musica. Goethe (1749-1832), por exemplo, dizia que “arquitetura é música petrificada”, enquanto Schelling (1775-1854) não deixava por menos, proclamando que a “arquitetura é a forma artística inorgânica da música plástica”. De qualquer forma, a demanda popular estava condicionada à orquestração dos ornatos dispostos ao longo dos paramentos frios de tijolos, o que não impediu logicamente que os tratadistas de arquitetura olhassem com atenção a presença da máquina, as conveniências das funções satisfeitas, deixando a decoração num segundo plano.

Na França, país que nos orientou tanto no século XIX, dois pensadores arquitetos expuseram suas teorias, segundo dois enfoques, mas antevendo a teorização da arquitetura moderna. Um deles foi Eugène Emmanuel Viollet Le Duc (1814-1880), o grande esteta de seu tempo, que conseguiu dispensar de seus raciocínios a presença obrigatória do fantasma de Vitrúvio. O caráter geral da teoria esteticista de Viollet Le Duc foi a objetividade. Todos os teóricos descentes de Vitrúvio viam o belo arquitetônico nas relações analíticas ou aritméticas, expressas pelo modo. O nosso arquiteto francês, ao contrario, foi buscar a beleza nas relações geométricas e graficamente determinava, ou comprovava, as leis da harmonia que engrandeciam a composição arquitetônica. Sua “teoria do triângulo” foi uma inovação e para ele naquela figura geométrica “estava a chave do mistério”.

Enquanto Viollet Le Duc se dedicava, na sua teoria da arquitetura, aos aspectos meramente estéticos, outro arquiteto francês, Leonce Raymond no seu “Traité d’architecture”, de 1860, já procurava a “verdade” na arquitetura, proferindo uma frase lapidar: “O bom é o fundamento do belo e as formas de arte devem ser sempre verdadeiras”. Nessa idéia é que se apoiou, mais tarde o teórico Julian Guadet, quando formulou o seu principio fundamental ligado à veracidade arquitetônica.

Já no final do século XIX e início deste, as definições de arquitetura assumiram modo de olhar diverso, fazendo surgir textualmente outro protagonista no elenco dos elementos significativos: o espaço. Até então, todos ficavam muito presos à construção, às paredes e elas é que se procuravam descobrir a beleza, dando razão a Hegel (1770-1831), que dizia que o problema da arquitetura consiste “em incorporar à matéria uma idéia”. Cremos que foi Auguste Perret (1874-1954) o primeiro a dizer que “arquitetura é a arte de organizar o espaço e é pela construção que ela se expressa”. E foi mais longe: “móvel ou imóvel, tudo aquilo que ocupa o espaço pertence ao domínio da arquitetura”.

Já entrados no século XX, vários arquitetos se manifestaram sobre sua profissão, deixando de lado todo o ranço acadêmico que ainda participava nas escolas oficiais, e passaram a elaborar definições onde sempre estava enfatizada a verdade favorecendo o espaço belo. Vejamos algumas opiniões ilustres:

“Só a verdade é bela. Em arquitetura a verdade é produto de cálculos feitos com a finalidade de satisfazer necessidades conhecidas com meios conhecidos.” Tony Garnier (1868-1948).

“Arquitetura é a vontade da época traduzida em espaço.” Ludwig Mies Van Der Rohe (1886-1969).

“Arquitetura é o esforço de harmonizar o ambiente e o homem, tornando o mundo das coisas uma projeção direta do mundo do espírito”. Antonio Sant’Elia (1888-1916).

“Temos por meta uma arquitetura clara, orgânica, cuja lógica interior seja radiante e nua, não atravancada por revestimentos ou truques mentirosos; queremos uma arquitetura adaptada ao nosso mundo de máquinas, rádios e carros céleres... com a solidez e força crescentes dos novos materiais – aço, concreto, vidro – e com a nova audácia da engenharia, o peso dos antigos métodos de construção esta cedendo lugar a uma nova leveza e seriedade. ” Walter Gropius (1883-1969).

O arquiteto francês e suíço de nascimento Le Corbusier (1887-1965), cuja obra escrita aliada aos seus projetos executados influenciou enormemente os jovens arquitetos do mundo a partir da década dos anos 20, especialmente os brasileiros, uma vez disse que “arquitetura é o jogo magistral, correto e magnífico de massas reunidas sob a luz”.e também lembra da música, não a “música petrificada”, mas a música “tempo e espaço, como arquitetura”. “A arquitetura é a síntese das artes maiores. A arquitetura é forma, volume, cor, acústica, música.” Seu discípulo e querido amigo, o arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer Soares Filho (1907), há muitos anos, talvez 30, antes de Brasília e de roda sua reconhecida produção internacional já dizia: “A arquitetura no Brasil, ultrapassando o estagio do funcionalismo ortodoxo, acha-se agora a procura de expressões plásticas, A extrema maleabilidade dos atuais métodos de construção, juntamente com nosso amor instintivo pela curava – afinidade real ao barroco dos nossos tempos coloniais – surgem as formas livres de um novo e surpreendente vocabulário plástico. Criatividade aplicada a solução de problemas espaciais, emerge uma verdadeira arquitetura – uma obra de arte real.”

Capela de Ronchamp – Le Corbusier


Fonte: http://www.fondationlecorbusier.asso.fr/images/realisations/Chapelle%20Notre%20Dame%20du%20Haut%20-%20Ronchamp.jpg

Lúcio Costa (1902), o grande teórico da arquitetura brasileira, cujos textos, principalmente aqueles referentes à nossa arquitetura tradicional, são fundamentais ao entendimento de nosso processo cultural, diz que uma construção “enquanto satisfaz apenas às exigências técnicas e funcionais – não é ainda arquitetura; quando se perde em intenções meramente decorativas – tudo não passa de cenografia; mas quando – popular ou erudita – aquele que a ideou e pára e hesita ante a simples escolha de um espaçamento de pilar ou de relação entre a altura e a largura de um vão e se dêem na procura obstinada da justa medida entre cheios e vazios, na fixação dos volumes e subordinação deles a ma lei e se demora atento ao jogo de materiais e seu valor expressivo – quando tudo isso se vai pouco a pouco somando, obedecendo aos mais severos preceitos técnicos e funcionais, mas também àquela intenção superior que seleciona, coordena e orienta em determinado sentido toda essa massa confusa e contraditória de detalhes, transmitindo assim ao conjunto ritmo, expressão, unidade e clareza – o que confere à obra o seu caráter de permanência, isto sim é arquitetura.”



texto extraído do livro O que é arquitetura de Carlos A. C. Lemos, 1998

domingo, 17 de junho de 2007

CONCEITOS

Como já comentei, arquitetura é uma ciência que têm um campo de atuação extremamente abrangente, o que gera uma certa complexidade principalmente ao se buscar um conceito.

A maior parte dos que eu já li/vi/ouvi, associam arquitetura à construção, à arte, à arte de construir, à técnica, à forma, à função, à organização de espaços... enfim: à projetos de edificações que contemplem essas (ou algumas dessas) palavras em sua definição!

De acordo com a wikpédia:

“arquitetura (do grego arché — αρχή — significando ‘primeiro’ ou ‘principal’ e tékton — τέχνη — significando "construção") refere-se à arte ou a técnica de projetar e edificar o ambiente habitado pelo ser humano.”

E define que:

“arquitetura enquanto atividade é um campo multidisciplinar, incluindo em sua base a matemática, as ciências, as artes, a tecnologia, as ciências sociais, a política, a história, a filosofia, entre outros. Sendo uma atividade complexa, é difícil conceituá-la de forma precisa, de forma que a palavra tenha diversas acepções e a atividade tenha diversos desdobramentos”
Complementando com palavras de Vitrúvio:

“A arquitetura é uma ciência, surgindo de muitas outras, e adornada com muitos e variados ensinamentos: pela ajuda dos quais um julgamento é formado daqueles trabalhos que são o resultado das outras artes.”

Indicando que este “declara que um arquiteto deveria ser bem versado em campos como a música, a astronomia, etc. A filosofia, em particular, destaca-se: de fato quando alguém se refere à "filosofia de determinado arquiteto" quer se referir à sua abordagem do problema arquitetônico. O racionalismo, o empirismo, o espiritualismo, o pós-espiritualismo e a fenomenologia são algumas das direções da filosofia que influenciaram os arquitetos”.

Ainda circulando na web, dá pra encontrar outros conceitos interessantes, como esse do Peter Eisenman:

"A arquitetura é uma disciplina radical que se enfrenta com um problema muito concreto: construir o lugar. Mas, às vezes, para ser arquitetura, deve transformar o lugar. A arquitetura deve constituir o que deve ser. E isto é o que a faz da arquitetura uma disciplina difícil, específica e autônoma. Porque se alguém simplesmente cria um lugar, não está fazendo necessariamente arquitetura. Quando alguém está questionando o lugar, transformando-o, transpondo-o, readequando-o, sempre está alterando aquilo que deve situar. Essencialmente, a arquitetura deve também refletir a transformação social, política e cultural. A arquitetura sempre deverá ter cara de arquitetura e deverá resistir à lei da gravidade. Em arquitetura, as coisas têm que se manter eretas, ter a capacidade de abrigar, devem ter um programa, implantar-se em um lugar… Existem certos aspectos materiais que a definem, que eu diria que são necessários, mas não suficientes. As condições suficientes da arquitetura, no meu entendimento, estão muito além do lugar e do programa. São condições que teorizam sobre algo distinto. Isto é para mim a arquitetura."

E tantos outros que relacionam a arquitetura diretamente com a arte:

“Arquitetura é música petrificada”
Goethe

“(...) Arquitetura enquanto Arte e manifestação do Espírito humano.”
Joaquim Cardoso

“Arquitetura é o jogo correto e magnífico das formas sob a luz
Le Corbusier (1940)

Entre tantos conceitos, formulo o meu afirmando que arquitetura é a arte de solucionar problemas que surgem do relacionamento entre forma e técnica, conciliando as funções dos ambientes internos às necessidades humanas, sem deixar de aproveitar as condicionantes naturais para criar uma edificação que seja sustentavelmente bela. (ufa!)

Lembrando que não é a intenção afirmar que esta ou aquela definição é correta ou errada ou que a obra/projeto/edificação que não foi concebida desta forma não seja arquitetura! Afinal, nem toda arquitetura é bela, nem toda arquitetura é funcional e, até onde eu sei, não existe arquitetura que seja 100% sustentável! O fato é que, entre tantos requisitos, opiniões, manifestos, esta definição me parece ser a que o homem, com suas atuais necessidades no contexto da contemporaneidade, espera que arquitetura seja, e é esta definição eu vou perseguir nas minhas realizações como arquiteta.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

O QUE É ARQUITETURA

Pois é... na última postagem eu tava meio que numa crise existencial, mas agora acho que esse blog sai! A propósito, decidi escrever! :D

Bom, eu curso Arquitetura e Urbanismo na Ufes, estou no 7º período fazendo matérias do 6º que deixei pra trás (como essa de Estética).

Eu decidi fazer Arquitetura, porque eu queria exercer uma profissão que me proporcionasse algum prazer ao lutar pela sobrevivência nesse mundo capitalista em que vivemos, e eu parecia gostar de projetar... além de parecer, na época, que eu tinha uma certa intimidade com caneta e papel na mão... (em outras palavras eu achava que sabia desenhar) tsc tsc tsc... oh meu Deus que ingenuidade!
Primeiro porque logo nos primeiros períodos, apesar de estar lá toda entusiasmada, me achando gente grande por estar na faculdade e, por outro lado, me divertindo como criança fazendo aquelas matérias de composição bidimensional, plástica (pintando, pintando e pintando), descobri, ao me deparar com um livro lançado pelo Calau (Centro Acadêmico Livre de Arquitetura e Urbanismo) - OLHAR - que era uma reunião de croquis de vistas da cidade feitos por alunos e ex-alunos do curso, que não sei desenhar porcaria nenhuma (!!!) e que aquelas aulinhas de "maternal" super legais não iam me ajudar a melhorar! Fora as dificuldades ditas "normais", "habituais" do curso como precisar passar noites em claro terminando trabalhos, mesmo que você tenha se dedicado a eles o seu período inteiro; as matérias obrigatórias "nada a ver" (que só eram "nada a ver" porque arquitetura é um curso extremamente abrangente e é uma missão quase impossível encontrar um professor de outra área que consiga relacionar essas matérias aparentemente "nada a ver" com a arquitetura), o que fazia com que eu me indagasse constantemente "que diabos estou fazendo aqui?!?!" e por aí vai... podia ficar o dia inteiro aqui descrevendo as discrepâncias e incoerências, não só no curso, mas na universidade inteira(!), mas acho que quem está lendo já deve ter entendido que eu entrei achando que isso aqui era uma coisa e descobri que, além de ser outra totalmente diferente, eu não tinha noção de como é difícil ser arquiteto!
Aliás, problemas da universidade pública à parte, você sabe o que um arquiteto faz?
Você tem noção de qual é o verdadeiro papel do arquiteto na sociedade, não só hoje, mas também ao longo dos anos na história?
Confesso que, apesar de ter amadurecido muito meus conceitos ao longo desses 7 semestres, acho que ainda não sei e mais: que vou passar o resto da minha vida profissional descobrindo!
A boa notícia nisso tudo é que quanto mais eu vou descobrindo, mais eu me apaixono por essa profissão. Eu me assusto às vezes... fico imaginando: "Será que eu vou dar conta de pensar em todas essas soluções? Será que serei capaz de ser a arquiteta que pretendo ser?" e aí bate uma insegurançazinha normal que passa ao me deparar com os resultados do meu suado trabalho e dá orgulho quando a gente consegue... entregar! Porque terminar... a gente nunca termina! rs... Eu nunca terminei!
E provavelmente, algo que não vai terminar também (pelo menos não até o fim do semestre, infelizmente!) é esse blog aqui, em que eu me proponho compartilhar as minhas descobertas, discorrendo sobre o MEU conceito (formulado ao longo dos semestres de disciplinas práticas e teóricas) do que é ARQUITETURA e qual é o papel dela em nossas vidas...

quarta-feira, 11 de abril de 2007

BIGGINING - Escrever ou não escrever? eis a questão...

São 17:54 em Brasilia...

Estou em Vix..

na UFES..

Na aula de Estética...

...

Eu ia escrever algo (apesar de não ter nada pra escrever por enquanto e nem o tema que vai movimentar esse blog), mas o monitor vai fechar o lab. de info. então que God save our souls e que ilumine as nossas cabeças nessa jornada que se inicia agora...

até..